Enredo 2017
"No Terreiro do Morro, o Canto
de Kianda, a Sereia de Angola Se Faz Brilhar"
Justificativa
A Sociedade
Carnavalesca Morro da Casa Verde, com suas raízes e ancestralidades africanas
no Carnaval de 2017, leva você a mergulhar na história da sereia Kianda, uma
das filhas de Olokun, o senhor das águas. Kianda era uma princesa apaixonada
por aventuras e por descobrir novos horizontes. Em uma de suas aventuras,
encontrou a costa de Luanda (atual capital de Angola), onde se encantou pela
terra e fez de lá sua morada.
Então, com o
passar do tempo, o velho mundo começou a expandir seus horizontes e, assim,
atravessou os mares para conquistar as terras e as águas de Kianda. A princesa
não sucumbiu e enfrentou os invasores, vencendo-os com o poder das águas.
Assim, Kianda
passou a ser adorada e imortalizada pelo povo de Angola, se tornando uma
entidade, a "Deusa Sereia de Luanda". O Morro traz para o carnaval o
mito de Kianda e abre as portas do seu terreiro para ouvir o cantar da sereia
de Angola.
Apêndice
O enredo tem
como objetivo resgatar uma lenda que transformou o pensamento do povo de Angola
com relação a resistir e superar dificuldades. O enredo é todo baseado na lenda
de Kianda, uma sereia que se tornou entidade e passou a ser cultuada como orixá
em Luanda, capital de Angola.
O enredo é
baseado na lenda original de Kianda, adaptada pelo livro O Desejo de Kianda, do
escritor angolano Pepetela. O livro traz mudanças com relação à lenda original,
colocando fatos históricos que marcaram o povo angolano no papel principal,
exaltando as lutas vencidas pela sereia junto da força da fé do povo.
O misticismo
e a história se misturam no enredo, fazendo o espectador mergulhar na história
através de cantos da sereia. Na abertura, fazemos uma evocação à Kianda, já
considerada uma deusa, e assim, através do seu cantar, começamos a contar a sua
história. O final do enredo mostra a transformação da sereia em uma deusa ou
entidade, recebendo altares, procissões e oferendas de devotos em homenagem a
tudo que ela fez e conquistou para seu povo.
A nossa
escola promove em seu desfile uma exaltação à Sereia de Angola, e assim,
mostrando uma história de luta, força, vitória e FÉ.
O Morro da
Casa Verde acredita que há e sempre haverá uma fé dentro do coração de cada um.
Axé!
Sinopse
O atabaque
rufa no terreiro da Casa Verde. A batida do Ogã faz a gira enfeitar o céu de
estrelas. É a fé que move cada homem, viva em cada peito, é uma evocação. Os
orixás dançam para receber... A deusa sereia, guardiã de um povo que venceu o
tempo e o medo para conquistar um novo sol. É Kianda que, em seu canto, traz de
volta a luta e a resistência de Angola. A história desperta no reino das águas,
no fundo do mar, no reino de Olokun, sua alteza e sangue. O mundo onde Kianda é
princesa, o mais jovem dos legados do rei das águas. E a princesa se torna
aventureira, navegando pelos mares e descobrindo a mística Angola.
Uma Angola
ainda em paz. No tempo do Reino do Ndongo, de seu rei Ngola, onde pescadores
jogavam a rede em águas do povo, onde suas riquezas sustentavam a sua gente e a
fé era símbolo de liberdade. A proteção de Matamba e a justiça do reino encantaram
a princesa Kianda que, fez das águas angolanas a sua nova morada.
Do mesmo
lugar de onde vinha a crença de um povo, as águas de Olokun, vieram também a
maldade e a dor. Assombrações do ocidente chegaram pelo mar para oprimir,
explorar e escravizar cada ser daquela terra. Porém, Kianda não deixou que os
filhos de Angola sofressem e derrotou todos os invasores com a força das suas
águas. Unida com o seu povo, com a raiz da sua terra, e com a ancestralidade
dos guerreiros africanos, a guardiã venceu os homens da cobiça, fazendo de
"luta e resistência" as palavras de ordem em Angola. E após uma incessante
luta, com a força das águas e toda sua mitologia, a savana pode festejar, e um
novo sol brilhará para Luanda, e a paz durará por toda a eternidade.
A rainha das
sereias se transforma em uma lenda, uma entidade... Com a fé depositada em um
ideal, o povo superou todas as dificuldades para vencer aqueles que negavam a
felicidade. E assim, segue uma procissão pelos mares de Luanda... Coroando uma
história de amor eternizada nas águas de Olokun e de Kianda. A fortaleza de São
Miguel e os rochedos da Praia do Bispo se tornam o altar da rainha das sereias.
A sereia que brindava quem merecesse com tesouros, em troca de paz.
Em todos os
anos no mês de novembro, a maré cheia, os louvores e as oferendas dos devotos,
traz o canto de Kianda para o ar... E como diz a lenda, "em cada pedaço de
água pode-se ter uma sereia"... Há quem diga que a magia das sereias vive
para sempre no fundo do mar. Mas há que acredite que a magia da sereia de
Angola está em cada coração.
Eu sei que a correnteza é forte
Mas a água que te molha é santa
Se a alma que navega é infinita
A sereia que te guia, encanta...
(O Silêncio de Kianda - A Paz da Sereia)
Mas a água que te molha é santa
Se a alma que navega é infinita
A sereia que te guia, encanta...
(O Silêncio de Kianda - A Paz da Sereia)
Autores:
Thiago Morganti e Fabinho Flisch
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