MOCIDADE UNIDA DO SANTA MARTA LANÇA ENREDO PARA O CARNAVAL 2013
Projeto para levar agremiação à Sapucaí em dois anos tem carnavalescos e pesquisadores.
Uma comunidade pacificada, uma quadra de dar inveja a muita escola grande, uma bateria que faz o morro balançar. A Mocidade Unida de Santa Marta, que desfila no Grupo E, montou um projeto maduro para o ano que vem e sonha alto: voltar à Marquês de Sapucaí nos próximos carnavais. Em 2013, a agremiação de Botafogo vai contar o enredo “Dona Marta Mexe o Caldeirão da Pantera”, espécie de crônica bem-humorada sobre os tipos e estilo de vida de sua comunidade. A Mocidade será a 11ª agremiação a pisar a Intendente Magalhães, na terça-feira de carnaval.
A comissão de carnaval tem a liderança do carnavalesco Eduardo Gonçalves, com passagens vitoriosas em escolas como Unidos do Jacarezinho e Paraíso do Tuiuti, e atual carnavalesco da Alegria da Zona Sul. O jornalista e colunista Fábio Fabato – comentarista da Super Rádio Tupi e um dos autores do livro “As Três Irmãs”, sobre as histórias de Mocidade Independente, Beija-Flor e Imperatriz – também integra o time, e assina o texto da sinopse.
O carnavalesco da Estrelinha da Mocidade Leonardo Bora, o carnavalesco, pesquisador da Unidos do Viradouro e integrante da equipe de carnaval da Mocidade Independente Gabriel Haddad, os carnavalescos e figurinistas Rafael Gonçalves e Vítor Saraiva, respectivamente, estudantes de cenografia e cinema, e o historiador do Centro Cultural Cartola Vinicius Natal completam a comissão. “Esta é uma agremiação com 20 anos de história, força comunitária e pronta para brilhar”, diz Eduardo Gonçalves, que foi carnavalesco da Mocidade Unida no final dos anos 90.
O trabalho foi todo pensado coletivamente. “Jogamos vários enredos numa mesa de bar e, depois de muito debate, goles e gargalhadas, optamos por aquele que busca sintetizar o atual momento da região”, conta Fabato. Os carnavalescos e figurinistas agora se revezam para terminar o trabalho de desenho das fantasias e da alegoria que a agremiação apresentará na Intendente (só é permitido um carro no grupo). “Todos contribuíram e contribuirão com um pouco do seu estilo e do que observaram na comunidade. O trabalho tem tudo para render ótimos frutos”, avalia Leonardo.
Nos próximos dias, haverá a explanação do enredo na quadra e também a festa de protótipos. De acordo com a direção da Mocidade, a ala de compositores é aberta e está à espera de inscrições de novas parcerias. “Temos tradição de grandes sambas e esperamos mais um belo hino para este enredo que homenageia nossa comunidade. Venham concorrer!”, convoca Haroldo Fully, presidente da escola.
Leiam a seguir a sinopse do enredo:
*** Dona Marta Mexe o Caldeirão da Pantera ***
E beijando o rio de asfalto com nome de santo por onde escorre uma cidade que não descansa – São Clemente –, ergue-se Marta, outra santa, mas que também é dona, Dona Marta, quituteira de mão cheia, prendada e miscigenada. É ela, peito e bucho fartos, sangue de branco, índio e negro, a dona de um autêntico caldeirão - e quem nos apresenta uma receita com sabor multirracial, cultural e do balocobaco. Eis o morro, meus bons! Abre-se o cortiço dos poetas, dos loucos, dos sonhadores, do povo e, nas suas entranhas, lá está um borbulhante espaço de convivência onde manifestações, gentes e propostas circulam com liberdade.
A santinha vira moça formosa quando cai a noite, os trabalhadores são de enxada, terno ou bermudão, o sambista chacoalha a caixa com os fósforos que esquentam o rango. Tem até padre que bate uma bolinha com a molecada, o pastor amigo de benzedeira, curimba até o sol raiar, nos terreiros das batucadas. Tudo termina, claro, em café da manhã farto na laje, e o céu se enfeita de pipas e de um azul incomparável, para mais um dia acontecer. Dona Marta não se cansa de se debruçar sobre ela mesma, tal qual a namoradeira na janela com seu batom e vestido de chita, e vive a contemplar o colorido festival costurado em seu vestido de ladeiras, escadarias, becos e vielas grafitados.
Mas no carnaval vira pantera, a felina da Avenida e dos bailes de máscaras, que se junta à mocidade unida do morro para festejar. Aliás, é na festa, em qualquer uma, que o brasileiro se iguala, se encontra,se apinha, sem distinções quaisquer. Ora, no caldeirão da pantera não poderia ser diferente! Mesa posta e som na caixa, Dona Marta abre as portas para tribos que vêm de cá e lá, “o baile todo!”, lado A e lado B, num democrático festival de misturas, arte-movimento. Regional, tradicional, transnacional, o morro tem ritmo de berço, exportado e importado, um vaivém sem alfândega e fronteiras. Do funk que ecoa adecibeis mil nas caixas de som ao velho e bom pagode de raiz, não faltam espaços e roteiros para furdunço.
É a rádio-comunidade unindo também corações românticos, trilha sonora para a novela da vida real que acontece indiferente à metrópole a 120 por hora lá embaixo. Tem forró nordestino, tecnobrega, a turma dogospel e até mesmo os nada afinados cantores de banheiro. E se falta água, é um tal de ajuda aqui e acolá, sobe e desce balde, mas as sinfonias de chuveiro sempre estarão garantidas. Morro é música, estilo e culinária. Tem aroma gostoso no ar, e então partem caravanas de todo canto – a pé, de van, piuí, tic-tac, batucando no busão, mas à la saltão plataforma, só na pose de grã-finas. Até Michael Jackson, olegítimo, se misturou ao caldeirão. E dessa panela... Bem, dessa panela – que mais parece uma cartola de mágico –, saem cuscuz, pé de moleque, pamonha, algodão doce, pirulito, picolé, uma praça inteira para brincar de ser feliz e jamais abandonar a porção criança. Dona Marta estende a toalha, põe mais água naquele feijão preto divinal e manda colocar outra cadeira. Afinal, no coração (e na mesa) da velha dama, sempre cabe mais um.
Senhoras e senhores, bem-vindos ao caldeirão da pantera!
Uma comunidade pacificada, uma quadra de dar inveja a muita escola grande, uma bateria que faz o morro balançar. A Mocidade Unida de Santa Marta, que desfila no Grupo E, montou um projeto maduro para o ano que vem e sonha alto: voltar à Marquês de Sapucaí nos próximos carnavais. Em 2013, a agremiação de Botafogo vai contar o enredo “Dona Marta Mexe o Caldeirão da Pantera”, espécie de crônica bem-humorada sobre os tipos e estilo de vida de sua comunidade. A Mocidade será a 11ª agremiação a pisar a Intendente Magalhães, na terça-feira de carnaval.
A comissão de carnaval tem a liderança do carnavalesco Eduardo Gonçalves, com passagens vitoriosas em escolas como Unidos do Jacarezinho e Paraíso do Tuiuti, e atual carnavalesco da Alegria da Zona Sul. O jornalista e colunista Fábio Fabato – comentarista da Super Rádio Tupi e um dos autores do livro “As Três Irmãs”, sobre as histórias de Mocidade Independente, Beija-Flor e Imperatriz – também integra o time, e assina o texto da sinopse.
O carnavalesco da Estrelinha da Mocidade Leonardo Bora, o carnavalesco, pesquisador da Unidos do Viradouro e integrante da equipe de carnaval da Mocidade Independente Gabriel Haddad, os carnavalescos e figurinistas Rafael Gonçalves e Vítor Saraiva, respectivamente, estudantes de cenografia e cinema, e o historiador do Centro Cultural Cartola Vinicius Natal completam a comissão. “Esta é uma agremiação com 20 anos de história, força comunitária e pronta para brilhar”, diz Eduardo Gonçalves, que foi carnavalesco da Mocidade Unida no final dos anos 90.
O trabalho foi todo pensado coletivamente. “Jogamos vários enredos numa mesa de bar e, depois de muito debate, goles e gargalhadas, optamos por aquele que busca sintetizar o atual momento da região”, conta Fabato. Os carnavalescos e figurinistas agora se revezam para terminar o trabalho de desenho das fantasias e da alegoria que a agremiação apresentará na Intendente (só é permitido um carro no grupo). “Todos contribuíram e contribuirão com um pouco do seu estilo e do que observaram na comunidade. O trabalho tem tudo para render ótimos frutos”, avalia Leonardo.
Nos próximos dias, haverá a explanação do enredo na quadra e também a festa de protótipos. De acordo com a direção da Mocidade, a ala de compositores é aberta e está à espera de inscrições de novas parcerias. “Temos tradição de grandes sambas e esperamos mais um belo hino para este enredo que homenageia nossa comunidade. Venham concorrer!”, convoca Haroldo Fully, presidente da escola.
Leiam a seguir a sinopse do enredo:
*** Dona Marta Mexe o Caldeirão da Pantera ***
E beijando o rio de asfalto com nome de santo por onde escorre uma cidade que não descansa – São Clemente –, ergue-se Marta, outra santa, mas que também é dona, Dona Marta, quituteira de mão cheia, prendada e miscigenada. É ela, peito e bucho fartos, sangue de branco, índio e negro, a dona de um autêntico caldeirão - e quem nos apresenta uma receita com sabor multirracial, cultural e do balocobaco. Eis o morro, meus bons! Abre-se o cortiço dos poetas, dos loucos, dos sonhadores, do povo e, nas suas entranhas, lá está um borbulhante espaço de convivência onde manifestações, gentes e propostas circulam com liberdade.
A vassoura que espanta o lixo vira estandarte na folia e é a mesma da mulher com buço por raspar que corre atrás do marido mulherengo no bar da esquina. Eita! Com mulher de bigode nem o Diabo pode!
A santinha vira moça formosa quando cai a noite, os trabalhadores são de enxada, terno ou bermudão, o sambista chacoalha a caixa com os fósforos que esquentam o rango. Tem até padre que bate uma bolinha com a molecada, o pastor amigo de benzedeira, curimba até o sol raiar, nos terreiros das batucadas. Tudo termina, claro, em café da manhã farto na laje, e o céu se enfeita de pipas e de um azul incomparável, para mais um dia acontecer. Dona Marta não se cansa de se debruçar sobre ela mesma, tal qual a namoradeira na janela com seu batom e vestido de chita, e vive a contemplar o colorido festival costurado em seu vestido de ladeiras, escadarias, becos e vielas grafitados.
Mas no carnaval vira pantera, a felina da Avenida e dos bailes de máscaras, que se junta à mocidade unida do morro para festejar. Aliás, é na festa, em qualquer uma, que o brasileiro se iguala, se encontra,se apinha, sem distinções quaisquer. Ora, no caldeirão da pantera não poderia ser diferente! Mesa posta e som na caixa, Dona Marta abre as portas para tribos que vêm de cá e lá, “o baile todo!”, lado A e lado B, num democrático festival de misturas, arte-movimento. Regional, tradicional, transnacional, o morro tem ritmo de berço, exportado e importado, um vaivém sem alfândega e fronteiras. Do funk que ecoa adecibeis mil nas caixas de som ao velho e bom pagode de raiz, não faltam espaços e roteiros para furdunço.
É a rádio-comunidade unindo também corações românticos, trilha sonora para a novela da vida real que acontece indiferente à metrópole a 120 por hora lá embaixo. Tem forró nordestino, tecnobrega, a turma dogospel e até mesmo os nada afinados cantores de banheiro. E se falta água, é um tal de ajuda aqui e acolá, sobe e desce balde, mas as sinfonias de chuveiro sempre estarão garantidas. Morro é música, estilo e culinária. Tem aroma gostoso no ar, e então partem caravanas de todo canto – a pé, de van, piuí, tic-tac, batucando no busão, mas à la saltão plataforma, só na pose de grã-finas. Até Michael Jackson, olegítimo, se misturou ao caldeirão. E dessa panela... Bem, dessa panela – que mais parece uma cartola de mágico –, saem cuscuz, pé de moleque, pamonha, algodão doce, pirulito, picolé, uma praça inteira para brincar de ser feliz e jamais abandonar a porção criança. Dona Marta estende a toalha, põe mais água naquele feijão preto divinal e manda colocar outra cadeira. Afinal, no coração (e na mesa) da velha dama, sempre cabe mais um.
Senhoras e senhores, bem-vindos ao caldeirão da pantera!
Comissão de Carnaval e autores do enredo: Eduardo Gonçalves, Fábio Fabato, Gabriel Haddad, Leonardo Bora, Rafael Gonçalves, Vinicius Natal, Vítor Saraiva.
Carnavalescos: Eduardo Gonçalves, Gabriel Haddad, Leonardo Bora, Rafael Gonçalves e Vítor Saraiva.
Sinopse: Fábio Fabato
Roteiro de desfile: Eduardo Gonçalves, Gabriel Haddad, Leonardo Bora, Rafael Gonçalves, Vítor Saraiva.
Carnavalescos: Eduardo Gonçalves, Gabriel Haddad, Leonardo Bora, Rafael Gonçalves e Vítor Saraiva.
Sinopse: Fábio Fabato
Roteiro de desfile: Eduardo Gonçalves, Gabriel Haddad, Leonardo Bora, Rafael Gonçalves, Vítor Saraiva.
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