Enredo 2017
Iracema
em um Santuário de Fé
Introdução
Sob a luz do carnaval, o S.R.C.E.S. Iracema Meu Grande
Amor vem desvendar a fé da gente
brasileira. Gente como a gente, que sonha e acredita sempre no melhor. Gente
que "levanta as mangas" e vai à luta. Gente que não tem medo de
apostar, e trilhando o caminho da luz, busca na fé o caminho para vencer. Afinal,
de onde vem a fé desta gente?
Hoje com toda devoção mina escola gana a Vila Esperança,
fazendo dela o seu caminho e altar, onde em romaria e peregrinação segue
adiante nesta procissão, feliz e crente de que a fé não costuma falhar.
E a índia do samba, embalada pela fé de sua comunidade,
se inspira em um dos grandes sucessos de Clara Nunes, e em oração canta a fé
das raças brasileiras, dentro deste santuário chamado Brasil.
Parte I - Afinal, de onde vem a fé desta gente?
Andar em busca da fé eu vou...!
Brasil, terra abençoada e pátria amada. Abençoado por
Deus, e bonita por natureza. Em sua história, alegrias, dores e outras estórias
de um povo bravo sofredor.
Independente das opções religiosas, povos sempre estão a
crer e se apegar a algo ou alguém, a fé une essa nação, e o poder dos deuses
nos dá força para acordar e lutar por um Brasil cada vez melhor. Mas afinal, de
onde vem a fé desta gente?
Hoje na festa do carnaval, na união do sagrado e
profano, invocamos todos os seres iluminados, espirituais ou matérias, e convocamos
nosso símbolo maior, a cabocla Iracema, que se transforma em divindade, e nos
conta a saga das religiões pelo Brasil.
Entrando neste lugar sagrado, Iracema desperta Tupã, que
se manifesta em som de trivão. Sua força e fúria, segundo o mito dos índios
guaranis, dão origem a vida e criação.
Segundo a lenda, Tupã criou a humanidade em uma
cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da mulher com uma
mistura de vários elementos da natureza. Depois de soprar a vida nas formas
humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu. Nasceu assim, a
"primeira religião brasileira", que se dá através dos índios que
cultuavam o Deus Tupã.
Tupã de seu altar, vê no século XVI, de além-mar, a
chegada em seu solo Tupiniquim, treze caravelas de origem portuguesa. Elas
aportam em terras brasileiras com seus navegadores,
que no dia 26 de abril de 1500, celebram a primeira
missa no Brasil, simbolizando o início do
cristianismo numa terra habitada por milhares de
indígenas.
Neste processo de exploração, a fé branca dos cristãos
sente a necessidade de catequizar aquele índio selvagem e impõe a sua cultura afim
que ele apague qualquer traço pagão existente e trilhe o caminho de luz.
Mais tarde, com a vinda dos escravos trazidos da Mãe África,
surge um novo culto advento da escravidão: O Candomblé.
Os negros, bravos e valentes, acorrentados e desiludidos
trabalhavam e sofriam na senzala. Mesmo com toda dor, buscavam na fé de seus
orixás a força contra os senhores brancos.
O tempo foi passando, e os ventos do oriente sopraram-se
através dos imigrantes, novas crenças territoriais que se fundiram a nossa brasilidade.
Religiões como o Budismo, Islamismo e Hinduísmo surgiram no Brasil e com o
tempo, foram criando características singulares em relação ao de outros países.
Parte II - Da União das Raças a um Santuário de todas
Fés
Ecoa este Brasil Varonil. Diante de tantas culturas
juntas, o país conseguiu reunir e difundir diversas festas, crenças e
tradições. Além disso, difundiu-se no país, diversas supertições, objetos e
crendices populares que para a população significam proteção e fé. Amuletos, patuás
e banhos de purificação foram assim usados como consolo para quem acreditava
que poderia proteger sua casa, a família e a si próprio, contra forças
espirituais negativas, e diversos outros fins.
Assim, a mistura de tantas raças fez do Brasil o país de
todos os Deuses e de todas as crenças. E ao celebrarmos cada religião, estamos celebrando
automaticamente todas as festas religiosas que vieram oriundas de outras
culturas também.
A maior festa nacional religiosa do Brasil vem do Pará.
O Círio de Nazaré que teve origem em Portugal, foi introduzida no norte do país
pelos padres jesuítas, no século XVII, e hoje reúne milhares de peregrinos que seguem
em procissão pelas ruas do Pará.
Tipicamente folclórica, a Festa do Divino, é uma
comemoração popular de rua. A mesma festeja um evento cultuado pela Igreja
Católica, o Pentecostes, que é a descida do Espírito Santo na forma de línguas
de fogo sobre os apóstolos. Como herança portuguesa, sobretudo açoriana, a
Festa do Divino acontece depois de cinquenta dias após a Páscoa, e move
diversos católicos de todo o Brasil.
A Bahia revela seus encantos através da Lavagem do
Bonfim. Como dizem, "Quem tem fé, vai a pé". O cortejo é comandado
por baianas com trajes típicos junto aos vasos com água de cheiro. Acredita-se
que a festa se deu através dos escravos, que eram obrigados a lavarem a
igreja como parte dos preparativos para a festa do
Senhor do Bonfim.
E quem nunca ouviu falar do Reisado ou Festa dos Santos
Reis. O Reisado é de origem egípcia, considerada uma festividade profano-religiosa.
Esse ato tão religioso, serve para relembrar a atitude dos Três Reis Magos que
partiram para a procura do menino Jesus Cristo no seu nascimento para lhe
presentear. E hoje no país move diversos peregrinos que seguem em procissão
pelas ruas de seus estados.
E quem acha que a Festa Junina é apenas uma folia
nordestina, está muito enganado. Os festejos juninos vieram lá da era colonial,
onde os portugueses homenageavam os três santos católicos: São João, São Pedro
e Santo Antônio. Com o tempo, e a junção de novas culturas, a festa se expandiu
e hoje em dia move diversas etnias no país nos meses de junho e julho.
E não podemos esquecer daquele que abençoa os nossos
terreiros de samba. Salve Jorge! Que da época do Império Romano protestou
contra perseguição aos adeptos do cristianismo. E hoje tatuado ou no pendurado
no peito, é sinônimo de proteção daqueles que dia após dia são como Jorge,
guerreiros!
Muitas orações e romarias marcam as celebrações para
Nossa Senhora Aparecida. Quem diria que através da visita de um português à cidade
de Guaratinguetá, pescadores mobilizados com sua recepção, encontrariam a
imagem daquela que hoje mobiliza a fé de diversos romeiros que clamam na cidade
de Aparecida por milagres. É a devoção nas ruas do interior paulista... seja na
chuva ou no sol, a esperança é a força desta gente.
Hoje, pedindo bençãos ao meu pavilhão, eu sou uma
romeira sonhadora e com muita fé, caminho neste Santuário com meu manto em
fantasia e faço do meu batuque minha oração. Senhor, rogai por nós, amém!
Enredo e desenvolvimento: Rodrigo Dias
Texto: Cris Fonseca e Rodrigo Dias
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