“Uma Viagem
Fantástica Por Uma Cidade em Aquarela”
Eu, foliã na vida e promotora do carnaval, sou a Em Cima da
Hora a te levar por uma viagem fascinante por uma terra que está há uma
distância curta de nós. Te convido a vir comigo neste destino retratado pelas
artes que essa terra abriga e que permite a manutenção da sua memória. Foi
através do olhar artístico de grandes pintores que me encantei, fazendo brotar
assim, um interesse especial pela cidade de Niterói.
Em belas telas me surpreendi com o encontro dos traços e das
cores expressando tamanha sensibilidade, pelas mãos do seu filho pintor e de
tantos outros que a ele sucederiam, em telas e gravuras. Registros que
legitimam o encanto que todos têm ao se deparar com esta cidade.
Talvez tivesse sido este o encanto que a família real também
sentiu ao visitar essas terras pela primeira vez, e a tomou rapidamente por sua
cidade refúgio, seu abrigo seguro nas franjas do mar nos arredores de São
Domingos. Tempos idos de uma relação mútua onde, sob o poder real, recebeu a
alcunha de Vila Real da Praia Grande, em 1816; tornando-se Nicteroy anos
depois.
E nesse delírio de carnaval, te levo comigo através das
telas do grande mestre, para descobrir o que de mais interessante esta cidade
reservava num tempo em que a natureza que retratavas me fascinou. As suas
matizes e cores me levaram até o encontro de borboletas brilhantes que bailavam
suspensas no ar num revoar descompassado, como assim disse o cientista que por
ti também caminhou.
Vi florescer nesta natureza exuberante, a cultura numa de
suas formas mais valorosas, onde veio a nascer a primeira companhia de teatro
genuinamente brasileira, pelas mãos daquele que um dia seria considerado o “Pai
do Teatro no Brasil”.
– Como era belo o cenário daquela Imperial Cidade, adornada
de encantos e que via emergir seu talento cultural!
E passeando em tuas avenidas, como num novo encanto, meio
que de repente, me surpreendi com alguns estilos arquitetônicos que marcaram
época. Prédios antigos ainda guardam vestígios de um período, em que se viveu a
Belle Époque tropical. Seu antigo cassino e o esplendor de uma sociedade,
debruçavam-se à beira mar; e os seus cinemas se multiplicavam por toda a
cidade. O auge de uma época onde a cultura estava em efervescência.
– Foi de fato um glorioso tempo, onde a cidade viu sua
expansão e modernidade acontecer, como se previsse onde chegaria, e chegou.
Pelo resgate da sua história mais tradicional volto ao mundo
real e fui então, explorar seu interior nas ruínas que ficam lá pelas bandas de
onde as pedras cantam e os vestígios antigos se encontram. E me pergunto, será
que por ali caminhou o chefe primeiro desta terra, aquele sob a alcunha de
Araribóia, que hoje é monumento central a figurar às portas da cidade, como uma
espécie de guardião, pronto para o combate? Ele, tal qual sentinela num dos fortes
que em sua orla destacam-se impávidos, resguardando toda a riqueza que nela
habita. Uma riqueza somente comparável ao número de suas antigas igrejas,
adornadas e repletas de obras seculares que estão por diversos pontos da sua
geografia, consolidando mais uma vez o seu valor cultural e histórico.
Foi percorrendo um longo caminho de formas sinuosas que pude
ver a revitalização de novos cantos que revigoram esse lugar, é fácil se
transportar através das telas de tantos outros artistas que esta cidade abriga,
desembarcando nas cores e contornos de uma cidade urbana, que em movimento,
ainda mantém viva sua memória, acentuando a ligação entre o antigo e o moderno.
Fato este, que a torna ainda mais encantadora.
– Vocês precisam conhecer o que eu conheci! Niterói é muito
mais que a bela visão do Rio de Janeiro. Muito mais do que aquilo que aqui
consigo descrever.
– Mas como pude esquecer?!
Afinal, cultural é seu jeito de ser, seu modo de celebrar,
sua maneira de viver com alegria… cultural é o seu epíteto de Cidade Sorriso!
Por isso, ainda ei de romper o ano que se inicia na areia de tua praia
principal, e através das cores que o céu se enfeita, cair na folia recordando
antigos carnavais, afinal de contas a história registra que ela possuía o
segundo maior carnaval do país, mas que outrora, por um breve momento, findou.
Mas seu hiato carnavalesco teve fim, e sua gente voltou a
sorrir e festejar junto às conquistas da agremiação que para o mundo o teu nome
ajudou a levar. E ao se tingir de vermelho e branco, foi cada vez mais sapeca
(quem diria?!), recriando a magia de um sonho, onde sua gente sorria e caía na
gandaia ao som de sua bateria.
Tudo isto é para demonstrar a alegria que não cabe no peito
de pertencer a este lugar. E que hoje, com muito orgulho, se renova mais uma
vez neste sonho de carnaval, e que Cavalcanti vem decantar, no intuito de ser
campeã!
Enredo: Rodrigo Almeida
Pesquisa e Sinopse: Anderclébio Macêdo
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