Sinopse
“Império
do Café, o Vale da Esperança”
Após
longa travessia pelos oceanos, centenas de milhares de Africanos
desembarcam nos Portos do Rio de Janeiro, Paraty, Mangaratiba e Cabo
Frio. Seu destino, o Vale do Café Sul Fluminense. A pé, enfrentando
todas as intempéries climáticas, marcham sobre sol e chuva, pés
descalços e com fome, rumo ao grande Vale de terras férteis, verdes
matas, mas também de dor e escravidão; lar de seus lamentos, sua
labuta e saudade. Assim o negro chega ao Vale do Paraíba,
posteriormente conhecido como o Vale do Café. Esse plantado e
colhido por mãos escravas.
“O
Nêgo tá cansado de trabaiá… Trabaia… Trabaia Nêgo…”
Graças
a sua chegada e ao ouro negro por eles cultivado, nasce uma áurea e
aristocrática sociedade escravagista com toda pompa, luxo e alta
cultura, como deveria ser uma próspera sociedade nobiliárquica
rural. O Vale é tomado por arte em forma de concertos, óperas,
poesias, festas, ourivesaria, valsas, polcas, saraus… Corte;
oriundos do escorrer do sangue vermelho/negro a banhar cafezal. Mas,
assim como esta sociedade branca escravocrata introduzia em seus
costumes a cultura europeia, o negro africano miscigenava sua herança
cultural com a da nova terra…
“Foi
na beira do rio, Aonde Oxum chorou… Chora iê iê ô, Chora os
filhos seus…” (Ponto de Oxum)
Assim
brota a pluralidade que encontramos hoje em nosso Vale com ritmos
sincopados em seus lundús, maxixes, jongos, figurinos multicores.
Exú, Obaluaiyê, Ogum, Oxumarê, Iroko, Iansã, Xangô, Obá,
Oxóssi, Logun Edé, Ossain, Oxalá, Oxum, Yemanjá, Nanã, Ybeji,
coloridas e poderosas divindades da natureza e a crença em ervas,
rezas e benzedeiras, força da raça que não se deixou intimidar com
a chibata algoz de seus senhores.
“Na
hora em que a terra dorme,
enroladas
em frios véus,
eu
ouço uma reza enorme
enchendo
o abismo dos céus…”
(Castro
Alves)
O
Vale se transformou… O cafezal virou cidade, a história e o
turismo e a dor de outrora, poeira ao vento. A cultura se expande
sobre a influência de imigrantes que vieram atrás do sonho dourado
nas terras Sul Fluminense, pisando em chão negro e magicamente gerar
filhos genuínos brasileiros, resultantes da mistura de raças.
Nasce
o novo dono do Vale…
Sua
arte é múltipla! Nela destacam-se o jongo, calango, maculelê,
caninha verde, capoeira, sociedades musicais, Folias de Reis, viola
sertaneja, choro, serestas, orquestras, balé, canto lírico, artes
plásticas e o samba onde sua origem se dá nos Quilombos das Serras
Fluminenses e cantado por sua filha maior, Clementina de Jesus.
“Não
cadeia Clementina… Fui feita pra vadiá…” ( Clementina de
Jesus)
O
artesanato e a culinária somados a todas essas manifestações
artísticas e folclóricas atraem turistas do mundo inteiro, gerando
renda e progresso.
Na
religiosidade encontramos as quermesses e novenas dedicadas aos
Padroeiros de cada Altar Matriz com seus belíssimos jardins aos pés.
N. S. da Conceição, N. S. da Guia, N. S. da Glória, São
Sebastião, N. S. da Piedade, Santa Teresa D’Ávila, Santana, N. S.
da Soledade, São Pedro e São Paulo, Santo Antônio e Santa Cruz,
formam a Ciranda de fé que cada cidade ostenta como seus protetores.
No entorno desses altares em ouro com seus anjos barrocos, os
terreiros de Umbanda e Candomblé com seus pés descalços e o
ocultismo místico, curam, rezam e Benzem ao som de atabaques e
pontos mágicos; herança negra com seu sincretismo cultural.
“A
Treze de Maio, Na Cova da Iria, No Céu Aparece, A Virgem Maria…”
(Hino Católico)
Hoje
o Vale é pecuário, agronegócio. Festa de Peão e rodeio. Muito do
que consumimos nas grandes cidades foram sementes e embriões
enraizados em pastagens que outrora, foram antigos cafezais.
A
indústria de minério, têxtil, automobilística, o comércio em
grande escala fazem do Vale hoje, uma máquina próspera e de grande
renda que emprega seus filhos e cria oportunidades de crescimento
sócio urbano. A educação é presente nas redes Municipais e
Estaduais com ensino público de qualidade, assim como uma infinidade
de escolas particulares com propostas educativas de grande
relevância. Universidade e Faculdades são um capítulo à parte
devido a infinidade de cursos oferecidos. No Vale encontramos o
grande Hospital Escola Severino Sombra que atende toda a população
não só da região como de vários municípios do Grande Rio.
O
Vale possui a sua rede de TV própria que reflete ao mundo a beleza
do Vale do Café, gerando notícias e programas que mostram o seu
povo com toda a sua diversidade cultural. A TV Rio Sul como grande
agente divulgador da cultura do Vale do Paraíba Sul Fluminense e Sul
do Estado do Rio de Janeiro.
Passando
todos esses anos desde a chegada do negro em nossa região, a Império
da Tijuca traz para a Avenida Marquês de Sapucaí esse lindo rosário
de pérolas em que cada município do Vale do Café, colore sua conta
com o que seu povo tem de mais puro e belo, o AMOR!
Fernando
A. Portugal – Diretor Cultural
Jorge
Caribé – Carnavalesco
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