segunda-feira, 21 de março de 2011

"ELAS COMPRAM OS DIREITOS PARA QUE OS OUTROS NÃO TENHAM DIREITOS"

Por Wellington Lopes (www.obatuque.com)

Engajado na bandeira levantada pelo site Galeria do Samba, quando publicou o artigo “Trânsito Livre: para quem pode, para quem é...”, assinado por André Albuquerque, criticando a farra das credenciais de Trânsito Livre (TL), na Marquês de Sapucaí, OBatuque.com não poderia se omitir e deixar de lamentar os fatos ocorridos nos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial, especialmente as supostas proibições da Rede Globo de Televisão aos profissionais de outros veículos, cadastrados como Concentração, e o desdenho da TV Bandeirantes às escolas do Grupo de Acesso A.
Para ficar bem claro, a credencial de Concentração 2011, cedida pela Riotur e a Liesa, dava acesso a diversas ruas no entorno da Sapucaí, conforme descrito no verso desse documento:
“Esta credencial concede ao titular o direito de ingressar na Passarela do Samba por qualquer um dos portões de acesso credenciados, localizados nas ruas Salvador de Sá, Cmte. Maurity, Frei Caneca e Avenida Presidente Vargas, podendo transitar entre todos os setores, nas áreas de concentração, armação e dispersão e pista de desfiles, podendo SAIR E RETORNAR à avenida pelos portões acima mencionados.”
Pois bem, na Sapucaí nem tudo que está escrito tem validade, a começar pela própria credencial. Tudo parecia ir muito bem, até que, poucos minutos antes do desfile da Unidos da Tijuca, os profissionais autorizados com essa credencial, chancelada com a palavra “Press” (imprensa em inglês), foram PROIBIDOS de ultrapassar o portão onde se concentrava essa escola, na Avenida Presidente Vagas, por determinação, segundo uma segurança, da Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão.
Conforme a explicação dessa funcionária, a ordem partiu dos organizadores, pois a justificativa que ela teria que dar aos credenciados seria o fato de, “pertencer à Globo os direitos televisivos”, para surpresa da própria segurança, pois nem ela conseguia entender o porquê da proibição, já que até aquele momento todos os credenciados passavam livremente sem restrições. Nossa equipe fez um teste do outro lado da pista e o acesso não foi questionado por nenhum dos seguranças.
A legalidade da exclusividade não será discutida aqui, pois não dispomos do contrato de transmissão. O que podemos discutir é o fato da emissora dispor, durante a cobertura, de um grande número de excelentes profissionais credenciados - em detrimento aos outros veículos, que dependendo, dispunham de dois ou três funcionários -, e mesmo assim impor esse privilégio de informações sobre a Tijuca, em função de todo frenesi em torno do carnavalesco Paulo Barros e suas alegorias.
Logo após o desfile da Tijuca, tudo voltou ao normal, e os credenciados puderam ter acesso aos portões instalados do lado dos Correios, assim como às escolas que se concentravam pelo edifício Balança, mas não Cai. A liberdade de ir e vir na Concentração, conforme impresso na credencial, foi tranquilamente concedida no dia seguinte, sem que nenhum funcionário fosse interpelado.
Muito pior do que isso, mostrando total descaso com as escolas de samba do Grupo de Acesso A, a Rede Bandeirantes, detentora da transmissão desse grupo e complacente da Globo, inexplicavelmente não transmitiu a apuração que daria o título à Renascer de Jacarepaguá. Por esse e outros motivos, causou insatisfação à Lesga e aos torcedores e admiradores dessas escolas, que não puderam acompanhar as notas atribuídas às respectivas agremiações.
Nota-se com isso que, a Band não levou a sério o próprio produto que ela “comprou” para a transmissão, já que nem os noticiários local e nacional, passados horas mais tarde nos telejornais da própria emissora, trouxeram uma nota sequer sobre esse grupo. A informação principal, evidentemente, foi sobre a campeã do Grupo Especial.
Os responsáveis pelos desfiles das escolas de samba, tanto do Grupo Especial quanto do Acesso A, deveriam exigir mais respeito aos jornalistas credenciados e às escolas dos Grupos de Acesso, pois em função do número reduzido de funcionários, sobretudo os preteridos sites especializados em carnaval, a cobertura fica prejudicada e restrita única e exclusivamente a essas emissoras, que ao longo do ano, não têm muito ou nenhum interesse em noticiar uma festa que começa assim que a outra termina, o CARNAVAL CARIOCA.

http://carnavaldorio.ning.com/notes/%22ELAS_COMPRAM_OS_DIREITOS_PARA_QUE_OUTROS_N%C3%83O_TENHAM_DIREITO%22

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