Enredo 2017
"Ora Pois... Hoje o Banquete É Real"
"O DESEMBARQUE"
A consequência da vinda da
Família Real Portuguesa para Brasil foi além da ciência, arquitetura e
literatura. Herdamos dos portugueses o gosto por um bom prato! Hábitos e gestos
todos incorporados ao nosso dia a dia. Antes, a alimentação dos brasileiros era
desfavorecida, compostas por mandioca e seus derivados, frutos nativos e carne
de caça (prática essa herdada principalmente pelos donos da terra, os nossos
índios). Mas quando a Família Real aqui chegou, hum... aí tudo isso mudou!
Começamos em 1808. Com os
europeus chegaram o gengibre, a mostarda, a cebola, as frutas cítricas, os
bovinos, os caprinos, as aves, o arroz e os perus. Com o desembarque da Família
Real para o Brasil, ganhamos também um pouco de "ar europeu", até as
nossas roupas mudaram, assim como o cardápio que começou a sofrer
transformações. Os hábitos alimentares da Família Real eram bem peculiares.
COLOCANDO A MESA PARA DOM JOÃO!
Tem comida do Imperador? Ora,
pois: tem sim senhor!
Dom João VI consumia em uma única refeição três frangos (chegava a esconder algumas asinhas da suculenta ave, na algibeira da sua casaca) e uma sequência de cinco mangas. Dizia ele que ninguém sabia preparar um frango como seu cozinheiro, Alvarenga (A imagem do rei ficou estigmatizada como um covarde e sem iniciativa. Começou a governar a partir de 1792, em consequência da insanidade mental de sua mãe D. Maria I, e que fugiu para o Brasil tão logo que soube da notícia que as tropas de Napoleão caminhavam em direção a Portugal). Segundo relatos, Dom João VI introduziu ingredientes nacionais na dieta alimentar da família brasileira, especialmente na família dele. É o caso da manga (de Itu) e da goiaba, ainda que parte dos produtos consumidos pela Família Real viessem de fora, como amêndoas, lebres, pistache e chá. Deu até fadiga só de pensar nessa mesa.
Dom João VI consumia em uma única refeição três frangos (chegava a esconder algumas asinhas da suculenta ave, na algibeira da sua casaca) e uma sequência de cinco mangas. Dizia ele que ninguém sabia preparar um frango como seu cozinheiro, Alvarenga (A imagem do rei ficou estigmatizada como um covarde e sem iniciativa. Começou a governar a partir de 1792, em consequência da insanidade mental de sua mãe D. Maria I, e que fugiu para o Brasil tão logo que soube da notícia que as tropas de Napoleão caminhavam em direção a Portugal). Segundo relatos, Dom João VI introduziu ingredientes nacionais na dieta alimentar da família brasileira, especialmente na família dele. É o caso da manga (de Itu) e da goiaba, ainda que parte dos produtos consumidos pela Família Real viessem de fora, como amêndoas, lebres, pistache e chá. Deu até fadiga só de pensar nessa mesa.
NA DESPENSA E NA COZINHA
Dando uma olhada na despensa,
descobrimos que Dona Carlota Joaquina não deixava faltar na sua lista de
compras litros e litros de cachaça. Essa iguaria encabeça a lista de compras da
cozinha do palácio e a maioria destinada ao quarto e a cozinha de Carlota, é
claro! Ela gostava de tomar uma boa aguardente misturada com sucos de frutas,
pois sofria demais com o calor brasileiro. Humm... sei!
Nas despensas também não podiam
faltar os doces, o que explica, porque a aguardente era usada para conservar
compotas de frutas. Já Dona Leopoldina quando veio para o Brasil, em 1817,
casar com Dom Pedro I, trouxe na bagagem um carregamento de repolhos, salmões
salgados, carne de porco e feijão-verde e assim ela enchia a copa do palácio.
Já no fogão da cozinha real, quem também mandava era a imperatriz napolitana
Teresa Cristina, ela não negava um bom prato de massa e preparava ela mesma o
espaguete para sua família, ato comum para as mães de classe média da época.
COZIDO PORTUGUÊS X FEIJÃO
Relatos do pintor francês
Jean-Baptiste Debret dão conta que as famílias ricas, costumavam comer cozido
português, acompanhado de galinha, arroz e farinha de mandioca. O feijão ainda
não aparecia na mesa das elites naquele momento. Mas, sabemos que Dom Pedro I,
que não era bobo nem nada, não dispensava um bom prato de arroz com feijão. O
consumo de feijão pelas elites inicialmente era velado. O feijão era símbolo da
resistência da culinária regional, frente aos novos hábitos europeus. A
feijoada surgiu nas senzalas, a partir dos restos de carnes aproveitadas pelos
escravos. Mito ou verdade? Vai saber! A elite mudou de roupa, copiando a moda
de fora, mas hoje não mudamos uma coisa: o gosto por um bom prato de feijoada!
O BAILE GASTRONÔMICO REAL
Visitando os banquetes da
família real, se tem alguém que também contribuiu bastante para a nossa
culinária, foi Dom Pedro II, que não era nenhum gourmet, mas ajudou a construir
a cozinha tradicional do Brasil, mesmo tendo financiado apenas dois banquetes
em todo o seu reinado de 58 anos. Um em 1852 e outro em 1889, justamente o da
Ilha Fiscal. Quem nunca ouviu falar dessa festança? O Baile da Ilha Fiscal não
apenas marcou o fim de um "regime", mas foi o ápice da gastronomia
imperial e foi um banquete grandioso, diga-se de passagem! A ceia foi um
capítulo à parte: seguiam-se pratos de peixe e de caça colocados
alternadamente, havia enormes castelos de açúcar, em cujos torreões foram
colocados bombons. Um desfile monumental de iguarias. Anota aí... 188 caixas de
vinho, 80 caixas de champanhe e 10 mil litros de cerveja, além de licores e
destilados. 14 mil sorvetes, 800 quilos de camarão, 64 faisões, 255 cabeças de
porco, 500 perus e 20 mil sanduíches. Isso que é ostentação! Ao desembarcar na Ilha
Fiscal, os convidados eram recebidos por mulheres vestidas como ninfas. Nas
casas à beira-mar, a população da cidade se apertava para espiar um pouco do
baile que acontecia no posto de fiscalização de navios. A cidade parou! A elite
se esbaldava na festa, enquanto o povo olhava de longe.
O PÃO QUE O DIABO AMASSOU
A chegada da Corte ajudou a
melhorar bastante a imagem da cidade. A nova ordem pública urbana fez o que
pode para que seus habitantes e seus costumes fossem disciplinados à moda
europeia, mas apenas uma pequena parte da população usufruía desses luxos. Caiu
a Monarquia e entrou a República. Foi uma mudança profunda, mas que não alterou
alguns costumes da grande maioria da população carioca, composta de
ex-escravos, trabalhadores assalariados e imigrantes. E o resultado? Ainda tem
muita gente comendo "O pão que o diabo amassou".
Pode vir que o prato está na
mesa! E que prato!
Bom Apetite!
Referências:
CASCUDO, Luís da Câmara. A
antologia da alimentação no Brasil. São Paulo: Global, 2015. 320 p.
CARLOTA Joaquina, Princesa do Brasil. Direção de Carla Camurati. [s.i]: Quanta Central de Produção, 1994. DVD, color.
James. Imperiobrazil.blogspot. Império do Brasil. em 11.05.1010. Disponível em:
LELLIS, Francisco; BOCCATO, André. Os banquetes do imperador. São Paulo (SP): Senac São Paulo, 2013. 447 p.
CARLOTA Joaquina, Princesa do Brasil. Direção de Carla Camurati. [s.i]: Quanta Central de Produção, 1994. DVD, color.
James. Imperiobrazil.blogspot. Império do Brasil. em 11.05.1010. Disponível em:
LELLIS, Francisco; BOCCATO, André. Os banquetes do imperador. São Paulo (SP): Senac São Paulo, 2013. 447 p.
Carnavalesco: Ney Junior
Enredo: Thiago Gomes, Claudio Rocha e Ney Junior.
Texto: Cláudio Rocha
Enredo: Thiago Gomes, Claudio Rocha e Ney Junior.
Texto: Cláudio Rocha
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