terça-feira, 28 de junho de 2011

E ASSIM NASCEU O SAMBA

Esta estória me foi contada há muitos anos atrás. Isso nem importa, porque para mim foi......ontem.  E vou contá-la a minha maneira e é mais ou menos assim: Morava no morro uma nega bonita, de corpo perfeito e  ao caminhar soltava as suas ancas para deixar elas se mexerem, pra lá e pra cá.

Tinha fogo nos olhos para queimar o coração de quem  a quisesse cobiçar.

Sorriso solto também, para contaminar quem quisesse  perto dela chegar.

Amava todos os homens e seu corpo nunca podia um chamego rejeitar. Gostava de abraços. Gostava de carinho.  Gostava de sexo.

Wado da venda  e Teco lanterneiro foram capturados por esse olhar e devorados pelo seu balançar.

Wado a amava mais que a própria vida e Teco queria ser seu dono.

Wado sofria, Teco sofria, porque cada um deles sabia que a nega traia.

Teco, um dia sem controle, foi atrás dos passos da amada e a encontrou deitada  na cama do barraco de Wado.

Pobre coitado!

O ciúme tomou conta do seu coração, fazendo de seus sentimentos  uma grande confusão.

Não havia alternativa ou ele, ou Wado, era a solução.

E chamou Wado para o desafio.

Na hora marcada, no meio da praça, de um lado Wado se esquentava, do outro, Teco empunhava sua faca. No meio, a nega bonita com seu sorriso cortava, como uma navalha, o coração  dos dois.

Teco desatinado empunhando a sua lâmina começou a gritar:
-Te cutuco

Ao que Wado respondeu
-Não cutuca

E assim o desafio foi esquentando:

- Te cutuco.
- Não cutuca.
- Te cutuco.
- Não cutuca.

Cada vez mais rápido

- Te cutuco.
- Não Cutuca.
- Te cutuco.
- Não cutuca.
- Te cutuco.
- Não cutuca.

A nega destraída olhava para os dois, mas não os via. Apenas ouvia o te cutuco/nãocutuca, tecutuco/nãocutuca, tecutucotecutuco/nãocutuca.

Sem controle, suas ancas respodiam e subiam e desciam pelo rítmo marcado por seus pés.

Estupefatos, Teco e Wado começaram a perceber a Nega a se mexer, sem dar bola pra ninguém.

Wado então convidou Teco a dar uma trégua

-Vamos parar de besteira. A nega tá balaçando as cadeiras, vamos apenas nos deliciar e apreciar o momento.

Se deram um abraço e ficaram parados, quase hipnotizados dando sequência somente ao rítmo das palavras. Mudaram o te para ti batendo palmas

Ticutuco/nãocutuca/ticutuco/nãocutuca/ticutuco/ nãocutuca.

A Nega então toda prosa, deu um braço a cada um e lá foram os três desfilando, subindo o morro, todos prosa, contaminando a multidão.

Ticutuco/nãocutuca/ticutuco/nãocutuca/ticutuco/nãocutuca.

Assim me disseram que nasceu o samba.

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