Rio -  As escolas de samba dos grupos C, D e E também pretendem apresentar ao Ministério Público Estadual (MP-RJ) denúncia de fraudes no Carnaval 2012 supostamente cometidas pela direção da Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso (Lesga). De acordo com o presidente de uma escola do Grupo D, que preferiu não se identificar, o objetivo da representação é anular o resultado dos desfiles e perdir a renúncia coletiva da diretoria da Lesga.
Presidentes das escolas de samba do grupo de Acesso A apresentaram, nesta terça, denúncia ao MP. O documento foi recebido pela promotora Gláucia Santana, titular da 1ª Promotoria de Tutela Coletiva.
Integrantes da Inocentes recebem troféu pela vitória no Grupo de Acesso A: polêmica no resultado | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Integrantes da Inocentes recebem troféu pela contestada vitória no Grupo de Acesso A | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Este ano, a Liga decidiu que não haveria rebaixamento do Grupo A para o B, desrespeitando regulamento, o que levou à prefeitura a romper com a entidade. Além disso, durante a apuração, os dirigentes das agremiações não tiveram acesso aos mapas de julgamento que contém notas e justificativas dos jurados. Até hoje, esses mapas não foram entregues pela Lesga.
A denúncia de manipulação de resultado e suspensão irregular de rebaixamento foi apresentada pelo dirigente da Cubango, Olivier Vieira, o Pelé, com apoio dos presidentes da Império Serrano, Átila Gomes, e Viradouro, Gusttavo Clarão.
O MP vai confrontar a nova denúncia com documentos obtidos com a Lesga, que também foi acusada de irregularidades ano passado. Caso sejam comprovadas as fraudes, a Liga poderá até mesmo ser extinta. Segundo Pelé, o presidente da vencedora do Carnaval 2012, Inocentes de Belford Roxo, e também da Lesga, Reginaldo Gomes, está beneficiando as escolas que comandam a entidade e prejudicando as que não participam.
“A Cubango ficou sem quatro notas. Nesse caso, o regulamento determina que se repita a nota de outro jurado. isso não ocorreu quando tiramos 10, mas apenas quando levamos 9,7. A Inocentes pecou em vários quesitos, como samba-enredo e evolução, e não houve punição”, observa Pelé.
Clarão questiona a falta de clareza do resultado: “Não nos mostraram mapa de julgamento. Não tivemos explicações para as notas. Havia escolas melhores que a Inocentes”. O presidente do Império faz coro: “Como podem as escolas de apelo popular e em que todos apostavam ficarem atrás?”
Promotoria deverá ouvir os jurados
Segundo os presidentes das escolas do Grupo de Acesso A, que protocolaram a denúncia, a promotora responsável pelo caso, Gláucia Santana, pretende ouvir os jurados que participaram do Carnaval 2012. Ela deverá entrar com pedido de busca e apreensão dos mapas de julgamento que não foram apresentados às escolas. O dirigente da Cubango, Pelé, disse ainda que o MP pedirá o bloqueio do repasse de verbas até que tudo seja apurado.
Após denúncia feita em 2011, a Promotoria abriu ação civil pública para investigar supostas irregularidades no mapa de notas das escolas naquele ano. O caso é investigado pela 6ª DP (Cidade Nova).