quinta-feira, 28 de julho de 2011

GRES ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA (RIO DE JANEIRO/RJ)


Posted: 27 Jul 2011 04:10 PM PDT

Por Cláudio Brito

A Mangueira não vai cantar o samba dos compositores gaúchos, mas continuarei festejando a façanha de nossos sambistas. O Carnaval de Porto Alegre cresceu muito e subiu novos degraus com a participação de Rafael Tubino, Vinicius Maroni, Vinicius Brito, Andy Lee e Victor Nascimento no festival da verde e rosa para o desfile de 2012. O enredo, Vou Festejar, em homenagem aos 50 anos do Cacique de Ramos, empolgou as duas torcidas. A escola e o bloco representam a raiz mais pura do samba. Nossos poetas disseram bem, quando, em um dos refrões, assinalaram a condição:  
                                                                  
E "na Terra" a tamarineira
Deu frutos na Estação Primeira
Cultivando o samba desse país
Dois troncos numa só raiz
                                                                                               
Foi com orgulho que vários gaúchos prestigiaram as apresentações do samba, inicialmente na quadra da Mangueira e, por último, no templo sagrado da Rua Uranos, em Ramos. O samba  venceu várias etapas. Passou na peneira inicial, onde mais de 500 sambas concorriam, foi adiante e chegou ao palco entre os 38 preferidos. Mais uma fase foi vencida e chegou a ser um dos 20 semifinalistas. E enfrentou uma chave de respeito. Na quadra do Cacique, dia 24 de julho, os gaúchos concorreram com uma composição defendida por Nelson Sargento, outra pelo grupo vencedor de 2011 e, por fim, um samba defendido pelo festejado Sombrinha, cria do Cacique, jogando em casa. E foi tudo muito lindo. Parabéns aos intérpretes Sandro Ferraz, Vinicius Machado e Renan Ludwig, foram brilhantes.  Andy, Victor e Giovani foram impecáveis nas cordas e deu para ver que a bateria mangueirense caprichou nos arranjos porque seus ritmistas gostaram do samba. Tudo foi muito bonito e sem reparos. Mangueira e Cacique de parabéns pela organização e pelo tratamento justo dado aos sambas. Todos os concorrentes tiveram as mesmas condições de palco e acompanhamento e, embora se possa ver quem são os concorrentes, mantém-se o sigilo quanto à identidade dos compositores, o que diminui o ti-ti-ti que possa influenciar torcidas e analistas. O julgamento final é atribuição exclusiva do presidente Ivo Meirelles, o que impede que se tente adivinhar qual será o samba vencedor.
O que importa agora é deixar bem claro que todos sabem, no Palácio do Samba e à sombra da tamarineira de Ramos, que temos Carnaval e somos sambistas também. O intercâmbio Porto Alegre-Rio de Janeiro tem duas mãos. José Luiz Azevedo, que veio do Rio coordenar nossos desfiles, estava lá. Emerson Dias, que vai cantar o samba da Leopoldina em 2012, Dudu Azevedo, Diretor de Carnaval do Salgueiro e outros amigos cariocas incorporaram-se à torcida gaúcha e cantaram junto com vários destaques de nossas escolas de samba, presentes pela coincidência dos festejos de 21 anos da Escola de Mestre-Sala e Porta-Bandeira do Professor Dionízio. Companheiros da RBS foram lá cantar, aplaudir e sambar. Laura Medina, Camila Martins, Thiago Zenker e Hilda Aubert estavam dispostos e vibraram muito com a festa gaúcha no Cacique de Ramos.
Por tudo isso, pela consolidação de um caminho traçado há três anos, quando Rafael Tubino concorreu pela primeira vez em Mangueira, passando por outros compositores daqui em escolas de samba de outros grupos do Rio, vou festejar muito o sucesso do samba 88-C, como era identificada a obra dos gaúchos na fase do segredo do festival mangueirense. O site www.samba88c.com.br segue no ar, com a letra, o vídeo da apresentação na quadra da Mangueira e fotos da trajetória de nossos compositores. Vou festejar a parceria formada. Os cinco que fizeram o samba para a Mangueira são de outras turmas tradicionais, mas devo dizer que o time que formaram para esta empreitada deu certo demais. Por aqui, seguem seus rumos, em escolas diferentes,  mas certamente estarão juntos outras vezes, para o bem do Carnaval gaúcho. Vou festejar cada vez que espiar no YouTube, no Facebook e aqui mesmo no Samblog, tudo o que puder lembrar os preparativos, o sacrifício, a dificuldade financeira e todos os entraves vencidos para chegar até onde chegou o samba gaúcho que a Mangueira cantou duas vezes nos palcos. Registro o apoio pessoal do presidente licenciado da AECPARS, Ademir Moraes, o Urso, que foi amigo de verdade dos jovens compositores gaúchos, colaborando com o custeio da jornada. Foram nossas escolas de samba e o nosso Carnaval os vitoriosos. Dignidade, capricho e brilho marcaram as apresentações. Nossa gente subiu ao palco nas cores da Mangueira, nossos sambistas estavam vestidos para uma festa de samba e, no Cacique, foram os únicos a homenagear o anfitrião. Cantaram usando cocares de caciques, nas cores do bloco cinquentão. Os cumprimentos entusiasmados do Diretor de Carnaval Jeferson Carlos foram mais que pura gentileza. Havia reconhecimento pelo trabalho apresentado. Por isso, vou festejar. E na cabeça, como no coração, ficarão para sempre os versos bonitos e entusiasmados de nossos compositores:

Vou festejar... descendo o morro
Lá vem Mangueira
Doce refúgio em verde e rosa
Onde o Cacique toca surdo de primeira
                                                                                                          

Nenhum comentário:

Postar um comentário