quarta-feira, 20 de junho de 2012

GRES ACADÊMICOS DA REALEZA (CURITIBA/PR)

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SINOPSE

ENREDO
“SALVE JORGE, O SANTO GUERREIRO”
JUSTIFICATIVA
Um país plural, miscigenado e rico em cultura como o Brasil, abraça a tradições como nenhuma outra nação, com um apelo especial às tradições populares. Sendo o carnaval a maior expressão da resistência da cultura popular, falar de Jorge, ou de São Jorge, é conjugar da melhor forma a tradição, fé e cultura de um povo guerreiro que vence batalhas dia após dia. Dos costumes cristãos, passando pelas crenças das religiões afro-brasileiras até o imaginário popular, São Jorge traduz da forma mais perfeita a identidade de brasileiras e brasileiros que em todo território de Tupã carregam seus emblemas e símbolos muitas vezes marcados na própria pele em forma de tatuagem, ou em medalhas, fitas, em igrejas construídas em todas as regiões ou mesmo em quadros como diz a poesia de Ary Monteiro e Irany de Oliveira:
“Toda casa tem um quadro de São Jorge, em toda casa onde o santo é protetor, num barracão, num bangalô de gente nobre, há sempre um quadro desse santo salvador, quem é devoto é só fazer uma oração que o guerreiro sempre atende dando a sua proteção”.
Sendo assim o Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Acadêmicos da Realeza apresenta para Curitiba, Paraná e Brasil a saga do Santo Guerreiro cantado tantas vezes por Maria Bethânia, Caetano, Fernanda Abreu, Zeca Pagodinho, Jorge Bem e tantas outras estrelas nacionais. SALVE JORGE, O SANTO GUERREIRO.
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SETOR 1
ORIGENS E HISTÓRIA:
Jorge nasceu na Capadócia no ano 280 DC, algumas fontes citam 275 DC. No final do século III, o cristão Jorge trocou a Capadócia, na Turquia, pela Palestina, vindo a ingressar no exército do Imperador Diocleciano. Jorge logo se destacou, sendo elevado a Conde e depois a tribuno militar. Tudo ia bem, até que as perseguições aos seguidores de cristo reiniciaram. O rapaz não quis negar sua fé, fazendo com que Diocleciano se sentisse traído. O imperador, então, condenou-o às mais terríveis formas de torturas. Jorge conseguiu vencer todas elas. Suportando uma dor após a outra, o filho da Capadócia suportou as lanças dos soldados, permaneceu firme sob o peso de uma imensa pedra, obteve cicatrização imediata aos golpes de navalhas que recebeu e resistiu ao calor de uma fornalha de cal. A cada vitória sobre as torturas, Jorge seguia convertendo mais e mais soldados. O imperador, contrariado, chamou um mago para acabar com a força de Jorge. O guerreiro tomou duas poções e, mesmo assim, manteve-se firme e vivo. O feiticeiro juntou-se à lista de convertidos, assim como a própria esposa do imperador. Estas duas últimas “traições” levaram Diocleciano a mandar degolar o deposto soldado em 23 de abril de 303. Conta-se ainda que o destemido soldado abateu um dragão para salvar a filha do rei de Selena e todos os habitantes de uma cidade na Líbia. Simbolismo, ou não, o dragão representaria o espírito das trevas, que o santo mártir da Capadócia tão bem soube combater. As inscrições de São Jorge vencendo o dragão não encontra sustentação nas primeiras atas do santo, levando a crer que foi um acréscimo proposto durante a Idade Média. Contudo fica a simbologia.
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SETOR 2
SÃO JORGE, AS CRUZADAS E A IGREJA:
Oito grandes Cruzadas foram realizadas com o objetivo de reconquistar terras cristãs ou mesmo com objetivos econômicos e foram responsáveis por levar o nome de São Jorge para outras terras.
Em 1096, o exército católico assediava a cidade de Huesca (Espanha). Ele era dirigido pelo rei de Aragão Sancho Ramírez. O rei tinha construído a cidadela de Montearagón, hoje em ruínas, como quartel geral do sítio da cidade. Ela fica sobre o morro chamado desde então de São Jorge. A batalha já havia começado quando chegaram topas muçulmanas desde a grande cidade de Zaragoza. O rei morreu e tudo virou para o desastre. Foi quando apareceu São Jorge e a batalha foi ganha pelos cristãos. A cidade de Huesca capitulou, então, ante o novo rei Pedro I. Uma crônica do tempo relata a miraculosa intervenção do santo comandante cristão:
“… invocando o Rei o auxilio de Deus nosso senhor, apareceu o glorioso cavaleiro e mártir São Jorge, com armas brancas e resplandecentes, sobre um muito poderoso cavalo ajaezado com paramentos prateados.
“Ele trazia um cavaleiro na garupa, e ambos os dois com Cruzes vermelhas nos peitos e escudos, divisa de todos os que naquele tempo defendiam e conquistavam a Terra Santa, e que agora é a Cruz e o hábito dos cavaleiros de Montesa.
“E fazendo sinal ao cavaleiro que vinha na anca para que apeasse, começaram a combater ambos os dois de modo tão forte e denodado
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contra os Mouros, e davam-lhes golpes tão mortais, um lutando a pé e o outro no cavalo, que abriam clareiras por onde quer que iam, e reuniam e acaudilhavam os Cristãos.
“O cavaleiro que trouxe o santo mártir São Jorge, diz a história de São João de la Peña alegada por Zurita, que era alemão, e que naquele dia e hora pelejava em Antioquia junto com os demais cruzados.
“Mas os mouros abateram seu cavalo e rodearam-no para matá-lo; nesse momento apareceu o glorioso São Jorge, sem que o bom cavaleiro alemão entendesse nem soubesse quem era … e ajudou ele para subir na garupa do cavalo, e o tirou da batalha, e instantaneamente transportou-o para Aragão, ao local onde se dava a batalha do Rei com os Mouros, então lhe fez sinal que apeasse e pelejasse….
“Espantaram-se os inimigos da fé vendo aqueles dois cavalheiros cruzados, um a pé e outro no cavalo. E como Deus os perseguia começaram a fugir a ver quem mais podia.
“Pelo contrario, os Cristãos, embora ficassem maravilhados vendo o novo estandarte da Cruz: sendo Cruz alegraram-se, e redobraram seus esforços ferindo os Mouros: e assim os enxotaram do campo e acabaram vencendo”.
Alcoraz não foi o único nem o último prodígio em que São Jorge interveio como terrível capitão dos cruzados.
Jaime I, rei de Aragão e cronista, conta que na campanha de Valencia quando nobres e cavaleiros, aragoneses e catalães, “estavam num morro agora conhecido como Santa María del Puig, veio contra eles a mourama
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toda, e na grande batalha que logo se entabulou entre todos eles, apareceu São Jorge com muitos cavaleiros do paraíso que ajudaram a vencer a batalha na qual não morreu cristão algum”.
O próprio Jaime I deixou consignado que na conquista de Mallorca, “segundo contaram-lhe os sarracenos, estes vieram entrar primeiro a cavalo um cavaleiro branco com armas brancas”.
Segundo o rei este cavaleiro foi São Jorge, “pois se encontra em outras histórias, que em outras batalhas ele foi visto muitas vezes por cristãos e sarracenos”.
Os cruzados trouxeram para Ocidente a devoção a São Jorge desde Terra Santa. Lá o santo era famoso pelas suas proezas, coragem, espírito de maravilhoso e de cortesia.
“La batalla de Alcoraz”
A devoção teve imenso papel na cruzada de Reconquista da Espanha e Portugal, países invadidos pelos muçulmanos. O milagre da Batalha de Alcoraz no Reino de Aragão marcou época. Aragão ficou ligado à figura do santo cavaleiro que apareceu naquela batalha combatendo lado a lado contra o mourama muito superior em número e que ainda confessou ter visto o cavalheiro sobrenatural de brancas insígnias. Desde então, o reino aragonês adotou como emblema a própria Cruz de São Jorge (cruz vermelha sobre fundo branco) e quatro cabeças de mouros. O rei Pedro IV o Cerimonioso, por ocasião de um enfrentamento com o rei Pedro I de Castela, ordenou a seus exércitos levar bandeiras “com o sinal de São Jorge” (1356-1359). Até o dragão ‒ o drac ‒ apareceu nas roupagens de cerimônia.
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São Jorge preside a capela do palácio de La Aljafería, em Zaragoza, e é invocado em todas as igrejas do Reino implorando sua intercessão pela vitória dos heróis aragoneses.
A devoção a São Jorge de início foi quase uma exclusividade do monarca e dos cavaleiros. Mas no século XIII apareceram muitas confrarias sob o patrocínio do Santo guerreiro. O rei Pedro IV promoveu uma confraria posta “no serviço de Deus e de Nossa Senhora Santa Maria e em veneração e reverência ao Senhor São Jorge, composta de nobres e cavaleiros”. Em Huesca, 1243, foi fundada a Confraria de São Jorge. E, em Teruel, outra do mesmo nome, em 1263 sob o patrocínio real de Jaime I. A “Diputación del Reino” de Aragão, espécie de assembléia dos representantes dos povos, adotou a simbologia do santo nos selos dos documentos, erigiu uma capela a ele dedicada, e a sala principal do palácio recebeu o nome do santo e sua imagem foi instalada em local privilegiado. As primeiras igrejas do santo guerreiro foram a de Monzón, Espanha, mencionada em 1090, e a de São Jorge de las Boqueras, perto de Huesca, da qual já se falava por volta de 1094. Inumeráveis outras foram construídas nos séculos posteriores.
Pandeoro
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SETOR 3
CULTURA POPULAR, CRENÇA E RELIGIOSIDADE:
O Dia de São Jorge é celebrado por várias nações para quem o santo patrono. Entre os países que comemoram a data, destacam-se o Reino Unido, Portugal, Geórgia, Rússia, Grécia, Lituânia e Bulgária. No Reino Unido, o Dia de São Jorge é também o Dia Nacional. Localmente é comemorado em Newfoundland (Canadá), no Rio de Janeiro e em Adis Abeba (pela Igreja Copta Ortodoxa Etíope). Muitos países celebram a festa de São Jorge em 23 de abril, que é a data tradicionalmente aceita do falecimento do santo. Padroeiro, patrono e protetor São Jorge tem sob a sua guarda soldados, seguranças, armeiros, cavaleiros, bicheiros e escoteiros entre tantos outros.
Sua cor na umbanda é o vermelho; no Candomblé, azul-escuro, por vezes, o verde. Essa composição sincrética formada a partir de São Jorge-Ogum tornou-os os mais populares ídolos religiosos no Brasil, a ponto de se tornarem os patronos da maior parte dos times de futebol e das escolas de samba. Essa popularidade não pode ser entendida afastada do sincretismo a Ogum, justamente em “clássicos” ambientes onde predominam a raça e a cultura negra – no samba e no futebol.
Esse modelo sincrético possui, ao menos, quatro possibilidades ritualísticas que podem aparecer mescladas entre si: o culto a São Jorge praticado por algumas igrejas católicas; o culto a Ogum nos terreiros de umbanda, onde é venerada a imagem de São Jorge e onde lhe são endereçadas orações; o culto a Ogum nos barracões de candomblé, onde não aparecem referências ao santo católico; o culto sincrético que ocorre, por exemplo, no dia 23 de abril, nas Igrejas de São Jorge, onde e quando as três manifestações anteriormente apontadas ocorrem no mesmo tempo e no mesmo espaço. O sagrado vivido naquele lugar desconhece
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limites rígidos entre diferentes religiões, espaço sagrado e espaço profano, diferenças pessoais, sejam quais forem. O sagrado experimentado nesses locais é uma fronteira aberta à convivência, à tolerância e aos atos de fé. São Jorge e Ogum fundam um lugar de convivência, um lugar de encontro. Atos de fé vão se tornando atos de alegria. A fé que está na multidão que ruma de madrugada às Igrejas de São Jorge está presente nas palavras do padre que professa a missa; está no fervor das giras de umbanda em frente à igreja; está na magia das rodas de candomblé que se formam ao longo da rua. Mas a fé está também nos que bebem cerveja e sambam no dia de “Jorge”; está nos corpos que celebram São Jorge e Ogum sem preconceitos.
SALVE JORGE!
Fonte:
 “La batalla de Alcoraz”, segundo Diego de Aínsa, 1619
 Pandeoro
 Wikipedia.org.br
 Conhecimento popular
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ANEXOS:
Dicas relevantes:
O samba enredo deve estar alinhado com os elementos figurativos, cenográficos, estéticos e alegóricos que serão apresentados no desfile. A cronologia, não menos importante, determina as datas e a ordem dos acontecimentos históricos, principalmente descrevendo e agrupando numa sequência lógica. As frases ou palavras que seguem abaixo são esênciais para a harmonia entre o samba e a perspectiva visual (fantasias, alegorias e adereços).
 Salve Jorge o santo guerreiro
 Nobre / cavaleiro da paz
 Região da Capadócia
 Dragão da maldade
 Cavaleiros Cruzados
 Terras abençoadas
 Bandeiras / cruz vermelha
 Santo padroeiro / Santo protetor / patrono
 Armas de São Jorge
 Tradição, devoção, fé e cultura
 Manifestações populares (procissão, festa, carreata, música, samba, futebol...)
 A lua cheia
 Amuletos de São Jorge (espada de São Jorge, medalha de São Jorge, fitas de São Jorge, quadro de São Jorge...)
 Ogum (salve Ogum, Ogunhê, Patakori Ogum...)
BOA SORTE
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Oração
Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar. Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos. Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo. São Jorge Rogai por Nós.

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