terça-feira, 31 de janeiro de 2012

GRES BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS (NILÓPOLIS/RJ)

Conheça o braço direito de Laíla na Harmonia da Beija-Flor


Os maiores especialistas em palestras de gerenciamento de grandes grupos de trabalho costumam dizer que os verdadeiros líderes preocupam-se com a capacitação de seus subalternos para, um dia, terem alguém a altura para substituí-los. No carnaval, talvez o maior líder atual, Laíla, disse certa vez, de forma carinhosa, em entrevista a imprensa que não abre mão de trabalhar com um certo 'neguinho' entre os diretores de harmonia da Beija-Flor. Pois bem, fomos atrás do tal 'neguinho' no ensaio de quadra da agremiação de Nilópolis e agora você vai conhecer o homem de confiança de Laíla na harmonia da Deusa da Passarela.
Nascido em São João de Meriti, o ex-passista da Unidos da Ponte, Válber Frutuoso, começou a trabalhar em harmonia quase que por acaso. Foi na Grande Rio, no final da década de 80, quando chamado por um amigo para ajudar a tomar de conta de uma ala acabou ficando para o ano seguinte, mas a permanência na Tricolor de Caxias não foi tão simples assim.
Lembro que precisei passar por uma espécie de teste. Me deram a ala das baianas para ensaiar e gostaram do meu rendimento. Depois disso fiquei na escola até 1994 – disse ele.
Foi na Grande Rio que Válber Frutuoso conheceu Laíla, em 1991, durante os preparativos para o desfile da escola para o desfile do ano seguinte – 'Águas Claras para um Rei Negro' – quando a agremiação de Caxias voltou ao Grupo Especial. À época, Laíla ainda não havia assumido o comando da harmonia da Grande Rio, que era dirigida pelo compositor Candimba, fato que só ocorreu no ano seguinte.
No pré-carnaval de 1993, durante os preparativos para o grande desfile 'No mundo da lua' que a Grande Rio faria, Laíla quis saber quem era o responsável pela criação dos úteis organogramas de trabalho que a escola dispunha. Foi apresentado a Válber e desde então começaram a aproximar os laços.
Comecei a organizar uma documentação do organograma da escola, montei planilhas para o barracão com cálculo de tempo para execução das tarefas e outras coisas e também fazia esse trabalho junto com as alas. Aí o Laíla se interessou em saber quem eu era. Não consigo ficar parado e ele foi me conhecendo nos ensaios, fomos sempre trocando ideias e hoje estamos juntos na Beija-Flor.
Válber carrega no sangue o DNA de sambista. É inegável. É primo de Almir Frutuoso, diretor de harmonia da União da Ilha, filho de um dos fundadores do Cacique de Ramos e ex-mestre-sala da Mangueira, além de ser irmão do compositor e intérprete Wander Timbalada, atualmente na Unidos de Vila Santa Tereza. Perguntado o que mais aprendeu com Laíla em todos esses anos, o diretor de harmonia tem dificuldade para sintetizar.
- São várias coisas, mas o fundamental é a humildade e a perseverança. Estamos trabalhando juntos desde 1991 e ele tem uma capacidade de aglutinar grupos,uma espontaneidade e uma sinceridade impressionantes. O grande ensinamento dele é esse. A valorização do grupo, o zelo pelo próximo, a formação dos jovens. Nós sempre temos em mente a política de dar oportunidade aos jovens.
Antes de chegar na Beija-Flor, em 1995, Válber lembra de um caso que, segundo ele, resume bem a significância de Laíla para quem trabalha com ele. Pouca gente sabe, mas antes do desfile da Grande Rio de 1993, a escola encontrou muitas dificuldades para levar suas alegorias para a Avenida.
- O que me marcou muito foi o nosso primeiro ano na Grande Rio, quando desfilamos sem dormir. O nosso barracão era na Avenida Brasil, na altura da Penha, e saímos de lá na sexta-feira de noite e só  conseguimos chegar na Sapucaí no domingo de manhã. Os carros foram quebrando, problemas de eixo, um carnaval grandioso, e o que me impressionou foi a garra do Laíla em nos dar força. Eu lembro que pedi a um amigo para me levar em casa para tomar banho e tirei um cochilo dentro do carro mesmo. O abre-alas estava até com um problema, tivemos que deixá-lo embicado na Passarela para ele poder passar. Aqui na Beija-Flor, o que mais me marcou foi esse último carnaval. Demos uma guinada na escola em termos de fantasia e alegoria após uma visão do Laíla e essa vontade de mudar comprada por todos foi muito legal. O carisma do Roberto Carlos também foi algo impressionante durante o desfile.
Atualmente trabalhando na Fundação Oswaldo Cruz, o biólogo Válber mostra humildade ao não se sentir capaz para substituir Laíla em alguma eventualidade. Ele lembra que precisaria alterar completamente sua rotina para tomar conta de tudo o que o diretor de carnaval da Beija-Flor conta. Além disso, admite que ainda precisa evoluir em alguns aspectos.
- É uma coisa extremamente difícil. Não me sentiria à vontade. O carnaval hoje não é só a quadra. Em razão do meu trabalho fora do carnaval não tenho disponibilidade para estar no barracão todos os dias. Sinceramente, não sei se conseguiria desempenhar o papel dele com a mesma capacidade. É uma responsabilidade muito grande. Uma coisa é a coordenação das alas e outra é tomar conta do barracão. Lá é preciso ter percepção de muitas outras coisas. É um conjunto de coisas que eu ainda não domino plenamente. Sou muito sincero nas minhas posições e não sou do tipo que dá um passo maior do que se possa dar. Espero, do fundo do meu coração, que tão cedo não se tenha a necessidade de substituição do Laíla na Beija-Flor. Ele tem saúde e vibração muito fortes. Ainda tenho muito o que aprender com ele, assim como todos na escola – disse ele, atualmente com 47 anos.
A Beija-Flor de Laíla, Válber e toda comunidade nilopolitana será a sexta escola a desfilar no domingo de carnaval, com o enredo 'São Luís – o poema encantado do Maranhão'. A escola buscará o 13º título de sua história no Grupo Especial.

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