segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

GRES UNIDOS DO PORTO DA PEDRA (SÃO GONÇALO/RJ)

Bateria e Wander Pires se destacam no morno ensaio do Tigre

Podem criticar o quanto quiserem o samba da Porto da Pedra para o Carnaval 2012. De fato, a obra que terá a missão de contar o enredo ‘Da seiva materna ao equilíbrio da vida’ está longe de ser uma das melhores deste carnaval, mas a Vermelho e Branco de São Gonçalo pode se orgulhar do time que possui para interpretá-la na Avenida. O intérprete Wander Pires e a bateria Ritmo Feroz, do mestre Thiago Diogo, foram os pontos altos do primeiro ensaio técnico da escola, realizado na noite deste sábado, na Sapucaí. Os componentes até cantaram de maneira satisfatória, mas faltou vibração durante o morno treino do Tigre de São Gonçalo.
- Achei que o ensaio foi muito bom. Tudo saiu conforme eu imaginava. O componente cantou do jeito que a gente queria, a bateria foi muito bem, o Wander nem se fala e a evolução foi satisfatória. Sempre há algo para melhorar, mas o nosso desempenho foi bem satisfatório. Não gosto de ficar dando resposta para quem critica o nosso samba. Todo ano é assim. Escolhem uma escola com o samba abaixo da crítica e ela paga o pato. Acho que temos é que trabalhar para o componente cantá-lo – disse o diretor de carnaval Amauri de Oliveira.
O show de entrosamento entre ritmo e canto pôde ser percebido assim que Wander Pires cantou o samba de quadra da Porto da Pedra como esquenta. A obra animou o setor 1, que estava repleto de torcedores da escola. O presidente Francisco José Marins pediu mais respeito à Porto da Pedra e garra aos componentes em seu discurso inicial, outro momento que agitou a galera. Com 35 minutos de atraso em relação ao horário marcado, a Porto da Pedra começou a evoluir na Marquês de Sapucaí, que a cada final de semana já começa a ganhar sua nova forma. Nos ensaios deste sábado, parte dos tapumes do lado par já haviam sido retirados e alguns refletores começaram a ser instalados.
A comissão de frente da Porto da Pedra, coreografada por Regina Sauer, mostrou comprometimento com o público ao levar uma coreografia especial para quem foi assistir ao ensaio. Com grandes copos de iogurte como adereço de mão – e direito a merchandising da patrocinadora  - o grupo foi um atrativo do início do ensaio do Porto da Pedra. Destaque para o samba na ponta da língua da comissão do Tigre.
Atrás da comissão de frente, a escola trouxe uma grande ala coreografada. Os integrantes seguravam uma espécie de bastão e evoluíram de forma tímida. O canto também não foi o forte desta ala. Os componentes praticamente sussurravam o samba e a reação das arquibancadas foi igualmente fria. Ao longo do ensaio, praticamente todas as alas mostraram nível de canto bem satisfatório, mas o samba não parecia animar os componentes. Não está ruim, mas precisa melhorar para alcançar as notas máximas em harmonia. Desta forma, a evolução, apesar de correta no preenchimento dos espaços e na entrada e saídas dos recuos, foi apática, lembrando um pouco o desfile da escola no último carnaval.
As alas que mais se destacaram pelo canto no ensaio da Porto da Pedra são a seguintes: números 2, 3, 8, 10 e 25. A ala 24 foi a que menos cantou, assim que como os integrantes de composição da terceira alegoria, que chegaram a andar em determinados momentos do ensaio. Já as alas 27 e 28 passaram emboladas e misturavam-se em diversos momentos. A direção de harmonia da escola precisa ficar atenta a um detalhe no canto dos componentes também. Alguns deles, ao invés de cantar ‘A seiva materna’, estão cantando ‘A serra materna’ na primeira parte do samba.
A escola levou  tripés para marcar os locais das alegorias e quadripés no desfile. Destaque também para as muitas musas que chamaram a atenção do público. A principal delas, Ellen Roche, rainha de bateria, esbanjou simpatia e interação com os componentes da bateria. Pecou um pouco na hora de cantar o samba.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabrício e Cristiane, mostrou o entrosamento característico e apresentou coreografia arrojada e criativa. Em determinado momento da dança, ela deixava cair uma rosa no chão. Ele abaixava e, cortejando-a, devolvia a rosa. A evolução dos dois arrancou aplausos dos setores 3 e 5, que receberam bom público. Destaque para a indumentária do casal, bem feita e de bom gosto.
Hora de falar do show de ritmo dado pelos ritmistas de mestre Thiago Diogo. Há dois anos garantindo as melhores notas da Porto da Pedra, a Ritmo Feroz mostrou andamento perfeito e afinação correta – desta vez com o surdo de 1ª um pouco mais alto. As bossas também encaixaram de forma eficaz no samba e mostraram a versatilidade da bateria. Destaque para uma delas, que volta no tempo do surdo de 2ª, fato que deve ocorrer também nas baterias do Salgueiro e da Mocidade este ano.
Para dar ainda mais sabor ao iogurte de São Gonçalo, a interpretação de Wander Pires merece destaque. Sem dúvida lembrou seus melhores momentos na Mocidade e na Grande Rio. Depois de dar um show na Vai-Vai em 2011, ele, que já foi apontado algumas vezes como o mais talentoso desta geração, parece querer ocupar novamente um lugar de destaque no carnaval carioca. O intérprete ainda teve que vencer a baixa qualidade do som, já que os microfones dos intérpretes de apoio não foram devidamente ajustados, fato que vem se repetindo nos ensaios técnicos deste ano.
A Porto da Pedra volta a ensaiar na Marquês de Sapucaí no dia 04 de fevereiro, a partir das 22h. A escola será a quinta a desfilar no domingo de carnaval com o enredo ‘Da seiva materna ao equilíbrio da vida’, que será desenvolvido pelo carnavalesco Jaime Cezário.

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